E Deus

21:46



Há guerras,
Partos e colapsos,

Guerrilhas,
A inanição e a crueza da desnecessidade  da dor.
Como há dores imensas, intensas e nefastas, na frivolidade do cotidiano que prossegue, insensível às pequenas e grandes tragédias.
Mas eu, eu sento-me à presença da minha crença em Deus e me desfaço em pequenas lamúrias por nossas questões domésticas, pelo descompasso de ontem, pela coisa mais importante no mundo naqueles 5 segundos profundos.
Ainda que eu tenha sob os olhos o espetáculo sóbrio dos pequenos e bem acabados trabalhos, de dourar a manga espada para a redondez de um desejo de férias, ou para que os passarinhos venham.
E as poças, nas ruas duras, evaporando discretamente, em vãos, cantos e vias.
A tudo isso Deus se aplica múltiplo, necessário ou detalhista, onipresente, enquanto se desvela na cabeceira de crianças desalentadas observando o livre arbítrio.
E eu, que só sei de parcialidades dos folhetos noticiosos da história e da consistência do pão;
Que vivo meus pequenos dramas como o ultimato que foi dado a humanidade, mas que sei das promessas cruéis do futuro de nós todos, eu, apenas deixo-me ninar, fetal e mimada nas respostas às minhas preces;

Cantilenas doídas e dois dedos de Cortezano, caso haja sofisma nas minhas razões ressentidas. E a sobriedade vasta, meu Deus, a sobriedade devastadora como autoflagelo!
Eu rezo e rio, caudalosa e cristã. Estou chamando Deus, ao chá das minhas terríveis amenidades. Porque eu não sei amar sem juízo final.

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