Para minha amiga, Sâmia Lago, a Mami Sam.
Eu lhe vi plena, já ensombrando o caminho com sua querença de lua cheia que, por hora, está apenas tão intensamente sol no sorriso que não se contém. Eu lhe vi tantas e amei a cada uma que me falavam em uníssono de uma esperança aos bocados gestada nos detalhes do caminho. Ô, Mãe! E tudo mais era uma prece singela, porque cá, ao que chamamos reza, achei lá em seu festim matrimonial. E hoje já casada eu lhe penso matriarca terna, de morna a flamejante em cada canto da casa sua, um reino todo de uma felina só. Fiquei achando que a vida assim é tão bonita, mesmo no detalhes da sucessão dos dias, nas pequenas obrigações de existir. Inda não lhe parabenizei, não é? Não há palavra suficiente, elas engasgam e se vêem tímidas de limitadas. Posso lhe dizer que a vida assim, como você nos presenteia ver, parece não ter só aquele desejo sádico de nos fazer labutar até exaurir, sofrer até purgar. Parece mesmo querer que todo amor vá fazer-se vivo e, por mais formas mais pulsante, num rebento amado, num renovo ancestral. Quantas luas, minha querida! Quantas luas! E todas as sacas de sal que você queira viver no seu enfim encontro. É o que desejo.