Neném,
Hoje assim, parida, descanso no conforto do que não sou.
Filha, embora me curve, embora compreenda, embora acredite, eu não sou justiça.
Suspiro a tranquilidade de não navegar nas lágrimas de uma mãe rumo a uma simetria,
uma proporcionalidade,
uma necessidade,
um acerto,
uma glória da civilidade.
Da minha poltrona, a quilômetros de alguma razoabilidade, digo pequenas leviandades e rio. Caudalosa e ruidosa. Engoli a mata ciliar e afogaria qualquer desatenção humana à beira de margem quase nenhuma no curso intenso que sou agora.
Muito natural. Estou parida demais destes seis anos te parindo desde que te desconfiei à seis semanas de concepção. Essas sete camadas de pele não descansam de cotidianamente parir-nos de novo para um mundo que ora tem pandemia, ora tem café na delicatessen, ora tem birra na casa de vó.
Descanso o fim do tempo da vulnerabilidade, os outros que façam justiça. Eu gosto de praguejar baixinho e achar engraçado essa piscina de sensações pastéis e ardósia.
Cuspo o sabor ocre ao lembrar haver nisto algum tipo de justiça que lhe queira nutrir e ressarcir. Lembro "eu não gostava de justiça?". Agora em um novo sabor, nas melhores lojas do ramo, perto de você.
Coisa bonita é, sendo tão trançadas, termos sortes distintas. E neste evento casual, cada uma ser afiada a seu lado do gume, minha pedra.
Sonho que você, graças a Deus, não vê, você sorri e, justiça seja feita: você fica iluminada sorrindo.