Fim

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Fim.
Começou assim.
Quando a finitude foi ponto origem de uma grande explosão. Lágrimas, gritos, gemidos e magrezas. A dor que se dilui sem extinguir-se, que destina-se tão somente a impregnar a vida inteira de quem permanece.
E a inércia. A minha inércia. Nela estive a ver tecer-se denso o abismo extenso, escutando cada vez menos os ais de quem pranteava o fim.
O sangue distante finito, o sangue distante cada vez mais longínquo. E eu me deixando arrastar pelos dias. Adiei a empatia, embotei-a em desconcerto. Deixei-me ver impassível, turvei as leituras de mim.
Mas jamais violei a disciplina de não mencionar uma palavra sequer à minha razão.
Não me atrevi a indagação alguma. 
Para isso servem as sensações, desfilando silenciosas. E vãs. Porque não as disse. Porque não dei, ao imediato mundo, satisfações.
Dizem-me os ditos de sempre que, por falta deste amor que se encarrega das sensibilidades; ou por obra de, quem sabe, talvez, um descompasso - displicente ou leviano - na resposta; hei de andar ímpar, singular, como se novidade fosse em meu cordel.
Dei para uma tal insensibilidade de sentir-me aliviada por este enfim desfecho.
Sem mais valsas e gracejos, sem côrtes e eufemismos banais.
Apenas a brutalidade da verdade grassando entre nós.
Acho que li no leito, com olhos turvos de sol, o que íamos ser.
Ainda assim, eis o fim de uma esperança latente, envergonhada de si, mas resistente.
Quando foi que comecei a ter ilusões de que haveríamos de nos dar as mãos?
E esse alívio culpado de enfim estarmos conversados...

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