A Juliana não quer sambar...

Canta Juliana, canta, Juliana, canta.

Algum canto libertador, bem dor, que venha lá de dentro de sua prosa densa, donde saia sua poesia furiosa. Canta Juliana, canta, que eu quero vê-la expressiva, dentro de sua desinibida reserva.
Curioso Juliana, que te vejo por aí, carregando nas mãos ramalhetes de poesia, e parecem mesmo os teus olhares haikais, que só não entendemos nós mortais, na ânsia que temos de decifrá-la, absorvem-nos e só. Onde, por acaso, reverberas, Juliana?
Eu não queria, Juliana, que saísses à rua de saia curta, de porta bandeira de suas intimidades, desfilando segredos do seu bolero em suspensão. Eu não queria, Juliana, que como Norma Jean, pintasses os lábios de carmim e sorrisse fotogênica enquanto sua alma chora. Não lhe quero ver de melancolia desfeita apenas para ostentar aquele esgar de felicidade comprada e comprimida que se alastra pelas ruas.

Eu só lhe peço, Juliana, o canto de sua voz desconhecida, um desembaraço momentâneo, um descompasso, que nos desse as coordenadas de donde será que fica seu coração.
Eu lhe quero ver literal, visceral, aliterada em adjetivos [e substantivos] quantos você queira, por sua escolha e bel prazer. Por isto, canta, Juliana, que já vi por aí teu nome entoado em efusivos requebros. Evocavam teu nome e não parece que lhe chegou a prece, nem a pressa, em ser banal. Mas, nós, banais, nós, mortais esperamos, Juliana, teu canto libertador, bem dor.
Por isto, canta Juliana, canta, e apazigua [-te].

E então aceite nosso bem querer, que canta para ninar, e nossas prosas pobres, que oram serenas, numa doce cristandade fajuta, por ouvir-te.