Omokunrin

21:45

Ainda estou me afogando e essa sensação no estômago que ambivale morte em vida é que me arrasta pelos dias. Daqui da agonia eu lhe vejo grande e sereno na superfície. A sua mão solidária providencia respiros e suspiros. Não é possível que eu pinte o nosso encontro com as cores desse ocaso, desse caos. Não é possível que agora a vida me brinde e se ria da ironia dos tempos. 

Sufixei no que pronuncio esse pequeno mantra que adverte meus sentidos... tempos dos piores tempos para se cair de encantos pelo que é livre. Acontece que das tantas questões difíceis de serem compreendidas ou definidas agora, ainda prefiro essa nossa incógnita e o moderado desplante do cultivo da lembrança única.

Antes de dormir ou num desaviso do dia eu tenho nas pontas dos dedos o relevo dos registros na sua pele; e no meio de palavras distintas, as que descrevem a sensação de quando colhi o seu cheiro, da moradia breve do seu colo, suas mãos carinhosamente repousadas sob o vestido. Eu posso sentir a pressão do domínio na raíz dos cabelos, degrau a degrau, quando me dei conta de ter contradito nos detalhes cada uma das minhas previsões.

Lembro dos seus dedos passeando nas minhas costas, enquanto presto a reverência que me abre a recebê-lo ao meu gosto. De quando coube nas suas mãos, dos seus dedos como braceletes adornando minha resistência propositada. Mas só no silêncio escuro desembrulho e abro plena visão daquele último momento. Inteiro em mim, você pede à beira da minha consciência que tudo lhe dê e enfim entendo.

Mas todo dia é aquele dia seguinte, que me desafiou com o pequeno desconsolo da interdição de frequentar com você essas lembranças. De de novo tornar-me em maré de março, trazendo às beiras o que inunda as vértices e perfuma os lençóis. Quanto do seu arfar me falta ao pé do ouvido, quantos registros por serem feitos e nem mesmo poder dizer...

Nada não, seu moço... eu sei perder.


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