O que é isso, companheira?

15:44

As longas unhas, o desbotamento do esmalte dourado e o incômodo, com o aspecto decandente de puta errante, me lembram, mais uma vez, que estão, de companheiros silenciosos, ao meu lado, aqueles velhos hábitos que eu propagandeei mortos. E qual não é minha surpresa, ao descobrir-me serena  em tão ilustre companhia. Sem drama, sem dor, sem aquele luto ostensivo de novamente ser vencida e os gritos silenciosos no meio da madrugada. Não são só meus velhos defeitos que pediram passagem para sorrir do passar do tempo. Também estão aqui aquelas velhas respostas a eles, aquelas velhas expressões, os esgares de fastio, e a ausência cálida até mesmo destes. Os sorrisos que não compreendem, que já me são amigos de tão costumeiros. O incômodo não morreu. Faleceu o medo de ser puta errante, de ser um ser só, de contar apenas com a tração arredia dos meus quatro membros.
De novo, ouço sorrisos, as vozes são conhecidas, o ambiente também é meu, ele e nada mais, ele é questionavelmente meu. E lá vai meu dramalhão musicado transbordando, meu filme antigo em vivas cores e a comodidade sinistra da situação que já conheço, desse fogo cruzado que, ironicamente, só  é amigo.

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